8 de outubro de 2009

Não para, não acaba e muito menos abala.


Ana. Lembra-se de tantos medos e de tantos fantasmas assombrando nossas vidas, bastou um correr para um lado e o outro seguir que demos um perdido de mestre neles, cansou nossas pernas, mas conseguimos despistá-los e nada mais nos assombrou e nada mais nos fez temer algo de tão ruim, fomos fortes e inteligentes, fomos mais do que isso, fomos capazes de melhorar nossa vida e nossa história. Sabe, Ana, eu vi em você o que não consegui enxergar nem na pessoa que mais me encantou nessa vida, um poço de forças, um mar de coragem e um céu de personalidade, me conquistou pelo jeito de ser e de levar a vida, não sou, não fui e nem nunca vou ser aquele que escolherás pela beleza, pela fama, pelo dinheiro ou por coisas fúteis, mas sou sim, daquele que escolhe pela boa cabeça e coração de um ser, assim como foi com você. Tantas lutas vencidas juntos, tantos orgulhos, tantos risos, tantas vitórias, enfim... Veja o mundo que construímos, pintamos o céu da cor que você e as crianças queriam, as flores do jardim foi você que escolheu cada uma à dedo, o som da nossa voz cantava melodias que emocionavam até o mais cruel e rebelde dos homens, a nossa forma de viver invejava multidões. Foi bonito, foi maravilhoso tudo aquilo que construímos com muito suor, muita garra e muita vontade. Temos dois filhos lindos, puxados para você, os traços, os olhos e até mesmo o sorriso dessas crianças me fazem ter boas lembranças de você, que lindo! Estou a olhar da sacada do nosso apartamento, fumando um cigarro, tomando um wiskey doze anos e escrevendo essa carta, também tendo a vista panorâmica da cidade onde tudo começou, daqui mesmo vejo coisas e lugares que me fazem lembrar muito de você, principalmente o céu, que é agora, sua nova moradia. Pergunto-me mil vezes do porque de tudo isso acontecer tão de repente, há coisas que não existem respostas. Ta certo, não vou questionar nenhuma vontade divina, eu apenas vou lamentar em ter brigado com você ontem, não ter dito que te amo e nem ter demonstrado o meu grande amor, por tão pouca coisa brigamos e eu acabei indo dormir no sofá da sala, arrependido por ter gritado com você ou por medo de ter machucado seu coração com palavras, dali mesmo ouvia seu choro e suas lamentações, pois tanto você quanto eu sabemos o quanto éramos importante um para o outro e nenhum de nós vivíamos sem um. Como todas as brigas ficamos a noite sem se falar, logo pela manhã vem nossa filha mais velha Maryah, chorando e dizendo que a mamãe não acordava, desesperado eu entrei no quarto e senti seus dedos frios e sua boca roxa, logo, lhe abracei e caí em prantos, morrendo de dor no coração liguei para Antonio, disse para vir pra cá o mais rápido possível, depois disso não vi mais nada, acordei no hospital com a pior das noticias. Pois é fizemos tanto por nos e por nossos filhos. Dei-te a melhor das vidas que alguém nesse mundo poderia ter. Escrevi esta carta, Ana, só pra te dizer algo que não pude falar na noite passada, "EU TE AMO" e isso será pra sempre, olhe por mim e por nossos filhos onde estiver, minha linda. 28 de Setembro de 2009. "Pare e pense, dê valor àquele que você ama, mas faça isso hoje... Amanhã pode ser tarde demais. Não tenha vergonha, não carregue um orgulho ou uma birra por algum tipo de besteira, vá e valoriza tudo que há de importante em sua vida."